ATA DA SEPTUAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 13-9-2004.

 


Aos treze dias do mês de setembro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Elias Vidal, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete Moraes e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Clênia Maranhão, Ervino Besson, Gerson Almeida, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Professor Garcia, Sofia Cavedon e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Sexagésima Sessão Ordinária, Segunda Sessão Especial e Trigésima Oitava Sessão Solene, que deixaram de ser votadas, face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de Providências n° 1753/04 (Processo n° 4512/04); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Pedido de Providências n° 1751/04 (Processo n° 4510/04); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 1756, 1757, 1758, e 1759/04 (Processos nos 4526, 4527, 4528 e 4529/04) e o Projeto de Resolução n° 109/04 (Processo n° 4493/04). Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Renato Guimarães, deferido pela Senhora Presidenta, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº 109/98 (Processo nº 2300/98). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 150385, 150391, 150392, 150400 e 150423/04, da Senhora Márcia Aparecida do Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, a Senhora Presidenta concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Paulo Roberto de Bittencourt Barreto, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Santana – AMOSAN, que se manifestou contrariamente à transferência da Vila Cabo Rocha para o Terminal Azenha-Princesa Isabel, justificando não estar sendo observada a Lei nº 9.503/97, que trata do impacto ambiental para conjuntos habitacionais com mais de cem unidades. Ainda, propôs a paralisação dessas obras, afirmando que haverá prejuízos para a comunidade do entorno, em função da falta de infra-estrutura para comportar esses novos moradores naquele local. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Cassiá Carpes, João Carlos Nedel, Wilton Araújo, Haroldo de Souza, Luiz Braz e Guilherme Barbosa manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular e a Senhora Presidenta determinou que as notas taquigráficas referentes ao pronunciamento do Senhor Paulo Roberto de Bittencourt Barreto fossem enviadas à Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, a fim de que fosse dado o encaminhamento necessário à questão apresentada por Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Wilton Araújo referiu-se ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 012/04, de sua autoria, que altera disposição da Lei Complementar nº197/89, no que se refere ao parcelamento da cobrança do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis. Sobre o tema, justificou que a carga tributária em Porto Alegre é muito elevada e que o Executivo Municipal não tem vontade política para reverter essa situação. A Vereadora Sofia Cavedon, defendendo a necessidade de arrecadação de tributos pelo Município, contestou as afirmações do Vereador Wilton Araújo, salientando que o Executivo Municipal de Porto Alegre tem priorizado o desenvolvimento econômico, especialmente na área habitacional, com a construção de mais de dezesseis mil casas populares no Município. Também, chamou a atenção para a importância da criação do Plano Municipal de Educação em Porto Alegre. O Vereador João Antonio Dib lembrou a época em que a Câmara Municipal de Porto Alegre era composta de vinte e um Vereadores, relatando ser suficiente esse número de Parlamentares para a Cidade. Ainda, reportando-se à solicitação feita hoje, em Tribuna Popular, pelo Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Santana, para que as obras do Terminal Azenha-Princesa Isabel fossem paralisadas, alegou que a Câmara Municipal de Porto Alegre não tem esse poder. O Vereador Guilherme Barbosa contrapôs-se ao pronunciamento do Vereador João Antonio Dib, relativamente às obras de moradia popular na Vila Planetário, asseverando que não pode haver preconceito contra a população de baixa renda. Também, contestou declarações de que a Vila Planetário não é urbanizada e mencionou que a construção do Bairro Restinga, em Governo anterior ao do Partido dos Trabalhadores, foi uma tentativa de afastar a população carente do núcleo central da Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol referiu-se à questão da habitação popular em Porto Alegre, analisando as condições que propiciaram a implantação do Bairro Restinga, na Zona Sul da Cidade. Nesse sentido, ressaltou que o projeto habitacional que deu origem a esse loteamento é um dos melhores já realizados no País e manifestou-se acerca das exigências para a transferência de moradores da Vila Cabo Rocha para área da Avenida Princesa Isabel. O Vereador Isaac Ainhorn criticou o Programa de Orçamento Participativo vigente em Porto Alegre, afirmando que a estrutura desse Programa não garante a representatividade da maioria da população, sendo, segundo Sua Excelência, quase sempre instrumento de manipulação política. Ainda, contestou a política habitacional instituída no Município, lembrando projetos empreendidos pelo ex-Presidente Getúlio Vargas, para construção das Vilas IAPI e dos Comerciários. O Vereador Luiz Braz questionou a instalação, pelo Governo Municipal, de condomínio popular na Avenida Princesa Isabel, declarando não ter sido realizado estudo de impacto ambiental na área e que essa obra poderá acarretar problemas de infra-estrutura, principalmente em termos de saneamento básico e acesso à rede escolar. Finalizando, citou dificuldades socioculturais a serem consideradas na transferência, para esse condomínio, de moradores da Vila Zero Hora. O Vereador Professor Garcia parabenizou a Empresa Porto-Alegrense de Transporte Coletivo e a Brigada Militar, pela realização de blitze em motos na Cidade, e referiu-se à transferência, pelo Governo Municipal, de moradores da Vila Zero Hora para local na Avenida Princesa Isabel. Ainda, saudou o Senhor David Iasnogrodski, pelo recebimento da Medalha de Prata no 2º Concurso Nacional de Prosa da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. O Vereador João Antonio Dib, registrando ter sido Assessor-Engenheiro do ex-Prefeito Célio Marques Fernandes, lembrou estudos realizados naquela época, com vistas a definir áreas e instalar a infra-estrutura básica para implantação do Bairro Restinga. Sobre o assunto, traçou comparativo com os projetos habitacionais atualmente desenvolvidos pelo Governo do Município, mencionando a construção da Vila Planetário, localizada junto à Avenida Ipiranga. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cassiá Carpes reportou-se às eleições municipais de outubro do corrente, informando que a segurança e a saúde têm sido apontadas pela população como as áreas mais problemáticas da Cidade. Nesse sentido, defendeu a dotação de maiores recursos para qualificação da Guarda Municipal, ressalvando, contudo, que somente por meio de convênios em parceria com o Governo Estadual será possível garantir mais segurança aos porto-alegrenses. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sofia Cavedon enalteceu a organização do Programa de Orçamento Participativo de Porto Alegre, analisando a importância da participação efetiva da comunidade na definição de setores a receberem prioridade em suas reivindicações. Também, pronunciou-se acerca da transferência, pelo Governo Municipal, de moradores das Vilas Zero Hora e Cabo Rocha para condomínio popular localizado na Avenida Princesa Isabel. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cláudio Sebenelo citou vilas de Porto Alegre que deveriam ser visitadas pela assessoria ambiental da Prefeitura Municipal, afirmando que o número de habitações precárias na Cidade dobrou nos últimos dezesseis anos. Ainda, aludiu a problemas municipais nas áreas da saúde e da educação, criticando a falta de moradia e de assistência às populações carentes e parabenizando os moradores da Vila Cabo Rocha pela conquista de uma creche comunitária. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói Guimarães discursou acerca da mobilização em torno da Semana Farroupilha, alegando que esse acontecimento é importante para a confirmação do espírito cívico do povo gaúcho. Em relação ao assunto, declarou que o Rio Grande do Sul ainda sofre preconceitos por parte do resto do Brasil e elogiou a grandeza do acampamento montado no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, elogiando o Movimento Tradicionalista Gaúcho pela iniciativa. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 158 e 191/04, discutidos pelo Vereador Cláudio Sebenelo, 186/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Luiz Braz, e 193/04; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo n° 380/03, o Projeto de Resolução n° 080/04, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 012/04, discutido pelo Vereador Luiz Braz, e o Projeto de Lei do Executivo n° 044/04; em 3ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 002/04, os Projetos de Resolução nos 104 e 105/04, o Projeto de Decreto Legislativo n° 006/04, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, e os Projetos de Lei do Legislativo nos 162, 169, 179 e 183/04. Às dezesseis horas e quinze minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Paulo Roberto de Bittencourt Barreto, representando a Associação dos Moradores do Bairro Santana – Amosan -, está com a palavra, para tratar de assunto relativo à transferência da Vila Cabo Rocha para o Terminal Azenha/Princesa Isabel, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. PAULO ROBERTO DE BITTENCOURT BARRETO: Exma Srª Presidente, mui dignos representantes da Casa, senhoras e senhores, nós, representantes da Associação dos Moradores do Bairro Santana, com o apoio das demais associações de bairros que aqui se encontram, ocupamos esta Tribuna Popular para expressar nossa desconformidade com a não-observância da Lei nº 9.503/97, que pede especial atenção na elaboração de laudo de impacto ambiental para edificações de conjuntos habitacionais com mais de 100 unidades, edificações essas que venham a prejudicar o meio ambiente. No Terminal Azenha, onde já residem 30 famílias, está sendo construído o Conjunto Residencial Princesa Isabel, com 32 blocos, lojas, 232 apartamentos, ao lado do já existente terminal de ônibus, para onde serão transferidas 200 famílias da Vila Cabo Rocha/Zero Hora. Esse ato está eivado de vícios e de danos irreparáveis. Se a obra popular que está sendo edificada a toque de caixa houvesse sido antecedida do referido laudo de impacto ambiental, de pronto seriam constatados problemas já prementes da região, quais sejam: fluxo contínuo e intermitente de veículos, avenidas com semáforos de três tempos, local de acesso a hospitais - Instituto do Coração, Hospital Mãe de Deus, Hospital Divina Providência, Santa Casa, etc.; cemitérios - João XXIII, Jardim da Paz; estádios de futebol - Olímpico, Beira-Rio; a praias, etc.; o saneamento básico já é precário, apresentando alagamentos freqüentes e bueiros entupidos; poluição ambiental; bares noturnos, com os “rachas” já bem conhecidos de todos; elevados índices de assaltos, arrombamentos e vandalismo. É de salientar, ainda, que, segundo o Plano Diretor Municipal, a Av. Princesa Isabel será uma das próximas Perimetrais de nossa Cidade.

Se nada for feito para parar de imediato tal construção, o Bairro todo estará fadado à degradação.

A transferência de aproximadamente 1.200 pessoas para um quarteirão localizado entre três avenidas movimentadíssimas - Av. João Pessoa, Av. Princesa Isabel e Av. Bento Gonçalves -, com todos os problemas acima discriminados, ao lado de um terminal de ônibus que funciona 24 horas, inclusive sendo pólo de embarque turístico, é uma aberração. Que qualidade de vida terão aquelas pessoas?

Hoje essas famílias moram em um quarteirão fechado, com pouco fluxo de veículos. Fecham as ruas nos finais de semana para lazer, respiram ar sem poluição e estão no local há mais de cinqüenta anos, lá firmaram as suas origens. Lá, as mães do Bairro cuidam de seus filhos e netos. Lá, estão longe da vida noturna, dos bares, dos “rachas”, das bebidas. Lá ainda existe vida! Trazê-los para esse entroncamento de avenidas é não lhes dar, realmente, qualidade de vida.

Por fim, propomos a imediata paralisação da obra até que sejam apresentados laudos de impacto ambiental, por profissionais isentos e tecnicamente capazes, visando, em primeiro lugar, solucionar os problemas já existentes no Bairro e, após, proceder, então, à correspondente interação social. É o que nos traz a esta tribuna à consideração de Vossas Senhorias. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convidamos o Sr. Paulo Roberto de Bittencourt Barreto, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Santana, a fazer parte da Mesa.

O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, quero agradecer ao Sr. Paulo Roberto de Bittencourt Barreto pela sua presença. A nossa Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos foi a que estabeleceu o primeiro contato com a sua comunidade nesta Casa. A luta de vocês é uma luta legítima, e eu sempre digo que é muito bom ver comunidades mobilizadas, lutando pelos seus interesses, defendendo a sua região, defendendo a si próprias.

Então, estabelecemos, naquele momento, um diálogo muito bom com a sua comunidade, através das lideranças, e abrimos este canal de negociação, foi um debate, uma audiência pública onde vocês colocaram as suas ansiedades, os seus problemas, bem relatados por V. Sª. na tribuna, e tomara que vocês obtenham êxito nessa luta, porque é uma luta de toda a comunidade. Tomara que sempre as comunidades tenham lideranças para lutar pelos seus interesses, para impulsionar mobilizações, ver se há obra, se este projeto ou aquele está conforme a Lei Municipal.

Meus parabéns pela luta, tomara que todas as comunidades tenham essa mesma iniciativa quando se sintam atingidas, e este é o objetivo da nossa Comissão, ou seja, trazer o canal de negociação, o canal de reivindicação e de audiências públicas para esta Casa para dar importância às comunidades. Parabéns pela sua presença aqui e à sua comunidade.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Em nome da Bancada do Partido Progressista, dos Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal, Beto Moesch e em meu próprio nome, dou as boas vindas ao Paulo Roberto de Bittencourt Barreto, da Associação de Moradores do Bairro Santana – Amosan; eu os recebi em meu gabinete e realmente fiquei preocupado, pois transferir 1.200 pessoas para a Azenha, num local de intenso trânsito, colocar lá mais 1.200 famílias me preocupa. Preocupa-me também saber como fica a projetada - existe um projeto -, a nova estação do metrô da Linha 2. Claro que não estão iniciadas as obras; então, como fica isso, se esse terreno estava previsto para receber a estação do metrô? Como fica o cumprimento da Lei que exige Estudo de Impacto Ambiental para essa transformação? Eu também estranho demais, pois é a primeira vez que eu vejo obras da Prefeitura aceleradas. Todas as obras são demoradas, são atrasadas, e essa, no entanto, está sendo feita numa rapidez impressionante. Eu não sei o que move a Prefeitura para acelerar tantas obras, assim como eu também não sei o porquê de a Prefeitura não consultar a comunidade da Azenha, não tendo sequer recebido esses 1.200 moradores do Bairro. E isso me preocupa. A Câmara de Vereadores não dispõe de todos os recursos jurídicos para impedir essa obra, mas isso me preocupa muito. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: A Associação do Moradores do Bairro Santana, por intermédio do seu Presidente, o Sr. Paulo Roberto, esteve aqui, hoje, na Tribuna Popular. O que foi relatado aqui nos preocupa, também - e eu digo isso em nome da minha Bancada, o PPS, em meu nome, em nome da Ver. Clênia Maranhão -, primeiro porque sou oriundo do Bairro, nasci na Rua São Luiz e fui criado na Rua Leopoldo Bier; segundo, porque é um Bairro bastante antigo, que tem as suas características culturais.

E a gente vê que, normalmente - e aí vem mais um episódio -, a Prefeitura Municipal não consulta as associações, as comunidades. Embora se alardeie muito sobre a participação popular, infelizmente quando chega a prática, quando chega na hora de fazer as coisas, o Prefeito não consulta ninguém.

E nós, do PPS, que temos tradição em participação popular, queremos nos colocar ao lado dessa comunidade para, se necessário, bloquear, de alguma forma, não as obras em si, mas, sim, essa intenção não-discutida.

Nós achamos que há um problema habitacional muito grande na cidade de Porto Alegre. Existem outras regiões, a exemplo de outros períodos pré-eleitorais, onde se fizeram as mesmas coisas - uma delas, inclusive, no próprio bairro Santana -, e eu chamei aquilo que foi feito, naquela época, de “fachada”, de “vitrine”, porque mostrava algo que não existia. Se por um lado a Prefeitura, em média, tem feito mil habitações por ano, nesses últimos 16 anos, por outro quer demonstrar, neste período em especial, uma outra vitrine, que é colocar habitações populares por onde a classe média passa, onde a classe média vê, onde a classe média pode ser influenciada. Há outra dentre esses casos, estou-me referindo à Vila Planetário, que é de alguns anos atrás, e foi no nosso Bairro também.

Preocupa-nos tudo isso, e nós somos aliados para que, pelo menos, sejamos ouvidos, tanto a comunidade quanto a Câmara Municipal, e, depois, sejam definidos esses projetos. Nós damos o total apoio ao senhor e à sua comunidade, aliás, à nossa comunidade, porque eu venho dali. Muito obrigado por sua presença e por trazer esse problema aqui para a Câmara Municipal. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª Presidenta, Sr. Paulo Roberto de Bittencourt Barreto, Presidente da Associação dos Moradores do bairro Santana. Eu tenho amigos ali na Vila Cabo Rocha; e como tenho amigos na Vila Cabo Rocha! Eu tenho muitos amigos no bairro Santana; e como tenho amigos no bairro Santana! Agora, as coisas não podem ser decididas dessa maneira, e, como disse o Ver. Nedel, nós não temos condições jurídicas, muitas vezes, como Vereadores, para resolver problemas que deveriam ser resolvidos por nós e pelas associações, pelos moradores. Nós não temos condições jurídicas para isso! Aí entra, será, o Orçamento Participativo? Não sei! Mas a imposição eu sei que entra, sim. Então, a gente lamenta, o PMDB está com vocês no que a gente puder fazer. Porém, mais uma vez dizendo que, juridicamente, é impossível. Como ficarão aqueles moradores sendo deslocados dali, da Cabo Rocha? Tem gente que nasceu ali, tem 70, 80 anos e está ali no local, então, por que não resolver o problema ali no local e evitar criar um outro problema logo ali na frente? Isso é profundamente lamentável! O PMDB, no que for possível fazer, está à disposição. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, senhores da Amosan, senhoras e senhores, eu acredito que na própria Lei Orgânica do Município nós temos um instrumento que deve ser utilizado sempre que nós vamos fazer algum tipo de intervenção em áreas públicas que vai causar impacto ambiental. Quando nós transferimos 200 famílias de uma região para outra, nós temos, realmente, um problema de impacto ambiental e precisamos, por isso mesmo, sempre, nessas ocasiões, da realização de audiências públicas. Essas audiências públicas estão citadas na nossa Lei Orgânica do Município, quando fizermos essas modificações, essas alterações, que vão gerar esse tipo de impacto em cada uma das regiões.

Acredito eu que, tanto o Ministério Público quanto os senhores, por meio de uma Ação Popular, poderão, tranqüilamente, impedir que o Município continue fazendo essa alteração sem que a audiência pública seja feita, de modo a fazer com que a comunidade do bairro Azenha possa ser esclarecida com relação às alterações no seu próprio modo de vida, naquilo que vai acontecer daqui para frente.

Então, acho que a Lei Orgânica do Município dá o remédio para que os senhores possam se precaver com relação ao futuro. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Boa-tarde! Quero cumprimentar meu colega e amigo eletricitário, Paulo Barreto, demais pessoas da Associação do bairro Santana, as lideranças da Cabo Rocha e Zero Hora que aqui estão presentes e fazer alguns comentários. Em várias ocasiões, o nosso Executivo Municipal tem procurado sempre deixar as pessoas no local onde elas estão, como é o caso da Planetário, da Lupicínio, da Vila das Placas, que agora se chama Condomínio dos Anjos, na Av. Ipiranga. No entanto, nessa situação, pelo tamanho da área e pelo número de famílias, não há condição de as pessoas morarem dignamente num projeto bem construído. Não há condição de as pessoas, portanto, ficarem no local onde estavam.

E, no primeiro caso, vejam a contradição, vários Vereadores que falaram aqui sempre nos criticaram muito, dizendo que nós deixávamos as pessoas na Lupicínio, na Planetário e assim por diante. Então, como não era possível, nós procuramos uma outra área e apareceu aquela área, que é uma área já determinada pelo Plano Diretor, para moradia. No próprio bairro, no outro lado da Av. Princesa Isabel, já há edifícios bem semelhantes a esses. E essa mudança foi toda construída com a comunidade que optou, que aprovou ir para aquele local que, na verdade, fica a poucas quadras de onde moram hoje - moram muito mal hoje - e não teriam condições de ter um local adequado. Então, a gente vê que é um local bastante fornido de transporte coletivo, de toda a infra-estrutura do entorno. Sei que não é o caso da Associação, mas alguns Vereadores que falaram aqui, principalmente o Ver. Wilton Araújo, acham que a classe média não pode ver moradias populares sendo construídas num local adequado.

Então, eram essas as explicações que nós queríamos dar. Sabemos que a moradia é uma questão muito dramática nas grandes cidades e nós temos feito um esforço para que as pessoas de baixa renda morem de uma forma adequada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço, em nome da Câmara, ao Sr. Paulo Roberto de Bittencourt Barreto, Presidente da Associação dos Moradores do bairro Santana, pela presença e determino à Diretoria Legislativa que envie as cópias taquigráficas à CUTHAB - Comissão de Urbanismo, Transportes e Habitação. Sugiro que vocês procurem o Presidente da CUTHAB, Ver. Renato Guimarães, para marcar uma audiência e dar encaminhamento a essa questão. Muito obrigada e voltem sempre.

Passamos às

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Wilton Araújo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exma Srª Presidenta desta Casa, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que estão hoje aqui na nossa assistência, em especial aqueles que participaram da Tribuna Popular sobre esse assunto que deve ser, sim, melhor estudado por esta Casa, por meio de suas Comissões e, quem sabe, até analisado em Plenário no futuro.

Nós queremos hoje, neste período de Comunicações, trazer a esta Casa dois outros Projetos. Um, que está tramitando nas Comissões desta Casa, de autoria deste Vereador, para o qual nós pediríamos a atenção dos Srs. Vereadores, no sentido de apoiamento, tanto nas Comissões quanto no Plenário.

Nós todos sabemos que Porto Alegre tem-se caracterizado, nesses últimos tempos, por um acréscimo no número de impostos e por suas alíquotas serem muito pesadas. Isso é verdade, tanto que a curva de arrecadação da Prefeitura Municipal ser uma curva ascendente nos últimos 12 anos. E se nós compararmos com o PIB de Porto Alegre, ou seja, com o Produto Interno Bruto, aquilo tudo que Porto Alegre produz dividido pelo número de pessoas desta Cidade, vemos que esse PIB é uma curva descendente, ou seja, a economia e o ganho daquilo que os moradores de Porto Alegre têm, vem decaindo.

Mas, estranhamente, a curva dos impostos da arrecadação vem aumentando. Isso significa, primeiro, que a Prefeitura Municipal não tem vontade de incentivar o acréscimo econômico nesta Cidade, de desenvolver a sua economia, não tem projetos para estimular o desenvolvimento da Cidade e, por outro lado, a sanha e a vontade de arrecadar são muito grandes.

Nesse sentido, nós apresentamos um Projeto simples, mas que poderá estimular um segmento da nossa sociedade, o qual, nós sabemos, é aquele que mais rapidamente estimula o emprego, fazendo com que se termine ou se minore o desemprego na cidade de Porto Alegre, que é muito grande. Esse Projeto refere-se ao parcelamento do ITBI – Imposto sobre Transações e Bens Imobiliários. Hoje, vocês sabem, quando se chega na hora do fechamento de um negócio - e aqueles que são corretores, construtores, enfim, pessoas que compram sabem que nós vamos esticando o dinheiro com financiamento e tudo aquilo que é necessário para comprar o tão sonhado imóvel nesta Cidade -, nós temos que pagar 3% do valor do imóvel, à vista, absolutamente à vista, porque senão nós não conseguimos fazer a transferência desse imóvel, e os nossos papéis não ficam em dia. Isso acontece, e faz com que muitos e muitos negócios acabem não sendo fechados, fazendo com que o nosso segmento da construção civil esteja absolutamente estagnado na Cidade.

Não é só o grande negócio, não são só os grandes apartamentos, não; o pequeno também, e isso nós queremos estimular. Nós fizemos o Projeto para que seja parcelado em 10 vezes, assim como é o IPTU. Há garantia do Município, porque o Município vai arrecadar - há a garantia -, e, por outro lado, não vai impedir o fechamento do negócio na hora da realização. Com o pagamento da primeira parcela, ou seja, com um décimo dos 3% - 0,3%, portanto -, vai-se poder já fazer a transferência do imóvel, realizando o negócio.

Outra das conseqüências - e todos nós sabemos que isso é muito grande na cidade de Porto Alegre - são os famosos “contratos de gaveta”. As pessoas, para não pagarem o ITBI - que é caro -, acabam fazendo um “contrato de gaveta”, não fazendo a transferência do imóvel na hora. E aí se acumulam, muitas vezes, Ver. Luiz Braz, 3,4,5 “contratos de gaveta”, e, lá, no futuro, quando alguém quiser regularizar a situação do imóvel, talvez nem encontre o dono original para fazer a transferência necessária.

Nesse sentido, nós queríamos chamar a atenção dos Vereadores da Casa para esse Projeto que está em tramitação, e tem, sim, a intenção de, primeiro: fazer com que esse segmento, o segmento da construção civil, seja ativado. Para quê? Para que o desemprego seja diminuído e para que os negócios e a economia da Cidade sejam melhores, maiores, e possam, assim, trazer para a Cidade, através do desenvolvimento econômico - e não através do aumento de alíquotas, pois é assim que tem sido feito -, a geração de mais recursos para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, colegas Vereadores, cidadãos de Porto Alegre que trazem, aqui, suas questões, neste que é mais um espaço de participação popular; em primeiro lugar, eu queria fazer um registro de que esta Cidade tem, sim, uma prioridade do desenvolvimento econômico, e que, 16 anos de Administração Popular promoveram muito desse desenvolvimento, especialmente na área da construção civil, Ver. Wilton Araújo. Nós comemoramos mais de 16 mil casas populares construídas nesses 16 anos, a uma média de mil casas ao ano, e todas por decisão da participação popular, como é o caso dos moradores que vão morar aqui no Terminal Azenha. Não foi pequena a nossa luta para conseguir essa obra maravilhosa, marca de uma Cidade que faz inclusão social, que não expulsa os moradores para a periferia por serem mais humildes.

As soluções encontradas mais na periferia foram porque não puderam ter sido resolvidas no Centro da Cidade. Então, nesta Cidade, todos os moradores, independentemente da sua classe social, conquistaram algo que tem um valor inestimável: o poder de definir a política pública, o poder de serem os protagonistas de sua vida, de construírem a política pública, de fiscalizar, de experimentar o contraditório e de tomarem decisões da forma mais coletiva possível.

Está comprovado que abrir mão de impostos, fazer isenção fiscal não é futuro nenhum para o Estado público. Porto Alegre tem essa pujança, essa capacidade de obras, de melhorias, de benfeitorias, de investimento ano a ano. Por que não renuncia a impostos? Porque se preocupa, sim, em ter um Município forte, que garante escola, que amplia rede de ensino, que amplia rede de proteção social, que amplia casa popular, que amplia saneamento básico. Essa é a história protagonizada nesses últimos 16 anos. Nesse sentido, no sentido da construção coletiva, Ver. Isaac, que chega aqui, Presidente da Comissão de Educação, é que eu trago o tema da elaboração do Plano Municipal de Educação. Por lei, inclusive Lei do Sistema Municipal de Ensino votada nesta Casa, o Município deve fazer, na forma de um processo coletivo, a elaboração do seu Plano Municipal de Educação, através do Conselho Municipal de Educação e da Secretaria Municipal. Esse processo já foi desencadeado; estão participando mais de 40 instituições ligadas à Educação em Porto Alegre. Uma série de debates já estão sendo feitos para tratar dos diferentes temas, para subsidiar o conjunto dos atores da Educação do Município, para apontar para os próximos dez anos o rumo da Educação municipal. Isso virá para esta Casa no final do ano na forma de uma lei, uma lei que se chamará Plano Municipal de Educação. E esta Casa está sendo convidada a integrar-se nesse processo; a nossa Comissão de Educação deve iniciar esse debate, e nós precisamos estar contribuindo.

Já foi elaborado um diagnóstico da Educação municipal pelo Conselho Municipal de Educação, que está sendo debatido pelo conjunto das entidades, das instituições; há temáticas, como financiamento da educação, como os rumos da qualificação e expansão da educação infantil, que é a nossa prioridade número um, indicada pela Cidade no Orçamento Participativo, indicada pela legislação e indicada pela demanda social. A educação infantil está em discussão no Plano Municipal, nós deveremos construir metas de ampliação e de qualificação. Hoje, o Município já conta com 40 instituições próprias de educação infantil, de atendimento integral, e com 133 creches conveniadas, além de ampliar o atendimento a crianças de seis anos e cinco anos em todas as escolas municipais. Mas isso ainda é pouco, é uma caminhada muito recente a da educação infantil.

Então, este é apenas um dos temas que a sociedade está discutindo, e eu tenho a certeza de que, Ver. Isaac, agora, nós estaremos nos engajando para que quando o Projeto de Lei chegue nesta Casa, o conjunto de Vereadores já tenha notícia, já tenha participado, já saiba das discussões que aconteceram, e a gente possa, aqui, respeitar o processo coletivo que, mais uma vez, a cidadania de Porto Alegre está tendo a oportunidade de fazer, e desta vez, indicar os rumos da educação municipal, no âmbito do sistema, vejam bem, e, nesse sentido, estão incluídas todas as instituições privadas de educação infantil, que estão sendo cadastradas, que estão se reorganizando para atender às crianças de zero a seis anos, e cada vez melhor.

Então, é nesse processo que eu deixo aqui o convite para que esta Casa se engaje, para que a lei que venha para cá e possa ser respeitada, já possa ser de conhecimento dos Vereadores, e a gente respeite, mais uma vez, o processo bonito que esta Cidade está fazendo de construção coletiva. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Beto Moesch.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, eu tenho muita saudade da Câmara de 21 Vereadores. Sempre achei que nunca deveria exceder esse número. Hoje, 33; amanhã, 36.

Na Câmara de 21 Vereadores não se fazia nem Sessão Solene sem quórum. Aqui se fazem duas Sessões Solenes ao mesmo tempo, mas não há necessidade de quórum.

Os problemas são analisados na superficialidade, faz-se discurso para os que estão presentes: é preciso preencher o tempo.

As associações de bairros - e não sou eu quem o diz, mas também o ex-Vereador desta Casa, Heriberto Back - pela administração que aí está, essa administração prefeitoral, elas foram absolutamente desmoralizadas e desmobilizadas, mas a Casa aceita que assim seja. Até os Vereadores não são ouvidos pelo Executivo - Vereadores que compõem o Poder Legislativo, independente e harmônico; são dois Poderes no Município e os Vereadores não são ouvidos.

Agora, vem aqui a Associação dos Moradores do Bairro Santana, ela expôs na Tribuna Popular um documento. Vejam como finaliza: "Por fim, propomos a imediata paralisação da obra até que sejam apresentados laudos de impacto ambiental por profissionais isentos e tecnicamente capazes, visando, em primeiro lugar, solucionar os problemas do Bairro. Então, que após seja procedida à correspondente interação social”.

Ninguém deixou claro para eles que a Câmara Municipal não tem o poder de mandar parar as obras. Ninguém, não ouvi ninguém dizer isso para eles: “Olha, a Câmara não pode fazer isso”.

Quando da construção da Vila Planetário, em que a Prefeitura exorbitou todas as possibilidades, tudo, e passou por cima de todas as leis - inclusive da Lei Orgânica, é claro, que é a Constituição do Município - e eu entrei na Justiça; consegui paralisar a obra porque era absurda, porque era desonesta, porque era um cartão postal para a eleição que se avizinhava. E é verdade que fizeram o meu velório, e o Prefeito de então foi lá tomar a sua cachacinha ao lado do meu caixão, que saiu da Vila Planetário, foi à Prefeitura e retornou. Mas eu entrei na Justiça. Parei duas vezes a obra. Mas, depois, como dizem eles aqui: “profissionais isentos e tecnicamente capazes”; a Prefeitura tinha dois profissionais, dois engenheiros como eu, que atestaram que aquela esquina da Av. Ipiranga não era urbanizada, e o Juiz evidentemente vai se basear nos laudos. Não tinha água, não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha nada. Não era urbanizada.

Então é muito difícil; num Plenário que vai ter 36 Vereadores, eu só posso ficar triste, mas eu gosto das coisas bem-feitas.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dib, obrigada pelo aparte. Muito rapidamente, eu tenho uma avaliação completamente diferente de V. Exª em relação à valorização das associações de bairro. Nós tivemos um fenômeno desses 16 anos, quando da possibilidade de se definir, no Orçamento Participativo, a rua, a praça, as novas casas, as associações ganharam valor e força perante os seus moradores. Eu enxergo o fenômeno diferente da forma como V. Exª enxerga. Eu queria apenas registrar isso.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereadora, sinto-me honrado com o aparte de V. Exª, mas as associações não tem mais voz na Prefeitura, absolutamente, não. É só o Orçamento Participativo; o que o Pilatos já fez com Cristo - como interessava para ele lavar as mãos ele perguntou para o Orçamento Participativo, e o Orçamento Participativo respondeu; quando não interessava ele determinava, ele não tinha preocupação. Ele não tinha 33 Vereadores. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Carlos Pestana.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, pessoas que nos acompanham, na verdade, eu vinha com outro tema para a discussão, mas a manifestação do Ver. João Antonio Dib me faz retornar ao assunto da moradia popular – e vejo que também interessa ao Ver. Reginaldo Pujol.

Na verdade, a gente busca uma série de argumentos para esconder uma questão ideológica, filosófica, de que pessoas de baixa renda devem ser levadas bem longe do Centro, para lugares que não sejam tão valorizados quanto aqueles em que as pessoas moram ou em outros locais perto de onde as pessoas moram.

Na verdade, a questão da Vila Planetário é bem essa. Algumas pessoas achavam, e ainda acham, que aquele local é muito valioso para que a Prefeitura construísse moradia para pessoas de baixa renda.

E, no processo de disputa eleitoral, as obras pararam duas vezes, mas, depois, elas continuaram, a Justiça deu ganho de causa completa à Prefeitura, que estava fazendo tudo legalmente.

E assim foi na Vila Lupicínio Rodrigues, na Vila das Placas e em muitas outras.

Mas as pessoas escondem o preconceito, não explicitam o preconceito. Acho até que não é o caso daquela associação que esteve aqui, mas algumas manifestações recolocaram isso.

Ora, alguém dizer que a área onde hoje está a Vila Planetário não é urbanizada... Talvez o terreno não fosse, mas todo o entorno da área, do terreno, tinha rede de água, de esgoto e de energia elétrica. Uma afirmação como essa é de um absurdo tão grande que, por óbvio, os juízes terminaram não aceitando argumento tão falho como esse.

Da mesma forma é dizer que a construção de apartamentos na Av. Princesa Isabel tem impacto ambiental, se do outro lado da avenida já há prédios praticamente iguais aos que serão construídos pelo DEMHAB; é também achar que as pessoas não raciocinam.

O que está por trás, e não se explicita - isso temos de dizer - é que algumas pessoas acham que pessoas de baixa renda têm de ir para bem longe.

Qual foi a razão da construção da Restinga? Foi exatamente isso. Bem longe, bem distante. Felizmente com o tempo, e com o nosso trabalho também, a Restinga, hoje, é um local adequado, com um bom meio de transporte coletivo, e assim por diante. Mas a lógica foi essa: bem longe, bem distante para que as pessoas não sejam vistas.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, a idéia da Restinga não foi como V. Exª coloca e eu também não afirmei que os menos aquinhoados não possam ter as suas habitações. Eu apenas disse - e repito - que foi absolutamente incorreto o posicionamento da Prefeitura e também o dos dois técnicos que por ela assinaram, dizendo que aquela área não era urbanizada. Era o caso de perguntar se quando o Grande Hotel queimou e ficou por longo tempo sem nenhuma construção, também era área não-urbanizada?

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Vossa Excelência não falou, isso eu já havia dito, mas me permito achar que V. Exª pensou, mas não disse porque é isso que está por trás da verdade. As pessoas têm de ficar, de preferência, onde elas estão. Elas organizam suas vidas, as crianças se educam no entorno; as pessoas, quando conseguem, também trabalham o mais perto possível daquela área, mas quando a área não permite - e de fato não é possível -, quem conhece a Vila Cabo Rocha, quem conhece a Vila Zero Hora, uma ao lado da outra, elas se integram, já aconteceram dois incêndios, inclusive eu ainda era Secretário da SMOV quando aconteceu o primeiro. Quer dizer, não há condições de colocar mais de cem famílias naquela área.

Portanto, nós temos que procurar outra área, o mais perto possível. Esse é um conceito que está na Lei Orgânica, sim!

E, então, surgiu aquela área, que foi aprovada pela comunidade que participou de todas as discussões até agora. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidenta, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu queria vir à tribuna para falar sobre outro assunto, mas sou convocado a participar deste debate que se instaurou a partir das colocações do Ver. Dib e do Ver. Guilherme Barbosa. O Ver. Isaac Ainhorn inclusive me dizia que eu deveria chegar aqui na tribuna e dizer o seguinte: “Olha, quando nós pensamos o Brique da Redenção, nunca pensamos que ele iria ser o ícone das esquerdas porto-alegrenses nos dias de hoje”.

Isso é uma síntese. Aliás, o Ver. Isaac, às vezes, está muito inspirado e faz citações oportunas. Brincando, ele diz o seguinte: “Nesse assunto, está todo o mundo certo”. E eu acho que em termos de habitação popular tudo é válido se for feito efetivamente para encarar o drama da habitação popular numa cidade que se jacta de ter grande qualidade de vida e que ainda vê moradores debaixo dos viadutos, debaixo das pontes, na maior miséria, a ponto de o Fernando Pessoa ter razão: tudo vale a pena quando a causa não é pequena.

 

(Manifestação do Ver. Isaac Ainhorn sem a utilização do microfone.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL: A causa, no caso, é a causa da habitação, é mais do que a alma do Fernando Pessoa, é a alma da Cidade, são a sua gente, seu povo, seus moradores que têm que ser cuidados. As senhoras que estão aqui têm que ter assegurado o direito de morar nessas construções que resolveram fazer agora - na antevéspera da eleição - e que é um débito antigo que têm com os moradores da Vila Zero Hora, que há mais tempo já deveriam ter seus problemas solucionados. Se a intenção foi a mais bem pensada, a mais ajustada, isso é outro departamento, o que tem que ficar claro é o seguinte: tinha um débito antigo e que tinha que ser pago - e eu espero que seja pago imediatamente, e não se fique, mais uma vez, na escaramuça da promessa. Criam-se problemas; um adensamento numa determinada área da Cidade pode criar problemas? Pode, sim, mas outras situações já criaram esses problemas de adensamento sem a relevância que o caso comporta, porque é o pagamento, é o resgate de uma promessa antiga para a qual a Câmara de Vereadores já votou duas outras vezes, autorizando a mudança de índice, a mudança do regime urbanístico, tudo para favorecer os senhores.

Aqui nesta Casa nunca faltou apoio maciço às reivindicações da Vila Zero Hora, sabe a sua liderança que isso não ocorreu. Agora, querer comparar esse problema dos moradores da Vila Zero Hora, pequeno diante do grande programa que existe na cidade de Porto Alegre, com a opção pela Restinga, Ver. Guilherme Barbosa, é um grande equívoco.

A opção pela Restinga foi a mais sábia que se teve. Porto Alegre havia incidido, até aquela data, Ver. João Antonio Dib, no equívoco de urbanizar pequenas áreas para atender à população necessitada e valorizar esses entornos, permitindo o que eu sei que V. Exª não quer, que é exatamente a especulação imobiliária. Na Restinga se pegou um enorme de um sítio, 170 hectares, e construiu-se uma cidade; não se expulsou ninguém para lá. Pergunte, na cidade de Porto Alegre se alguém não quer morar na Vila Restinga? Claro que muita gente vai dizer que na quinta unidade não quer morar, porque lá não foram construídas casas. Mas, na primeira, na segunda, na terceira e na quarta unidade, no Silvio Hollembach, no Monte Castelo, no Angico, no Loureiro da Silva, até na Restinga Velha, se tiver um espaço disponível, diga que há milhares de pessoas que querem morar lá. Não me falem da Restinga como um lugar de segregação dos pobres, porque lá é um lugar onde pobres, ricos e remediados conseguem morar com dignidade. É o melhor projeto habitacional que este País já conheceu. Não me ofendam, criticando esse projeto porque isso me revolta. Não justifiquem opções com o maior acerto que já houve neste País, que foi a decisão de aproveitar bem o potencial do Banco Nacional de Habitação e construir uma cidade dentro de Porto Alegre, em que moram cerca de cem mil pessoas na mais absoluta dignidade. Este é o meu projeto; este é o nosso projeto, Ver. Dib; este é o Projeto que o Dr. Telmo Thompson Flores concebeu com coragem e que nós conseguimos levar, com o apoio do Prefeito Villela, às últimas conseqüências.

Não falem da Restinga! A Restinga é intocável; a Restinga é a melhor coisa que a habitação popular já fez neste País! Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, o Orçamento Participativo que está aí, não é o processo de participação popular que nós sustentamos. Temos uma outra visão. O Orçamento que está aí é um instrumento de manipulação da vontade das comunidades.

E, quero dizer mais: as associações de bairros, as associações comunitárias, os clubes de mães têm muito mais eficácia, do ponto de vista da representação e da luta pelas reivindicações das suas comunidades, do que as assembléias do Orçamento Participativo, que no ano inteiro não conseguem representar 3% dos eleitores de Porto Alegre, representando apenas 1% da população da cidade de Porto Alegre. Portanto é uma participação questionável em que, de cima para baixo, o Governo, a Administração Municipal vem no curso desses anos manipulando a vontade das comunidades e muitas vezes esmagando a representação popular que brota espontaneamente da auto-organização popular. Essa que é a verdade. Não é oferecendo ônibus para transportar esses eleitores, não é com transporte grátis para essa gente ir votar, com o voto dos cargos em comissão da Prefeitura é que vão resolver os problemas. Não é dessa forma; é através de uma representação legítima e eficaz.

De outro lado, é verdade, se nós podemos assentar com condições dignas, com condições viáveis, mais do que nas áreas que há, sem haver prejuízo, eu acho muito melhor assentar mais gente. Vou dar um exemplo. Eu, aqui nesta Casa, queria, ao invés de fazer 50 ou 60 habitações na Vila Planetário, queria que 400 ou 500 famílias fossem beneficiadas com casas em áreas urbanizadas, em áreas dignas, não botando os pobres para a periferia da Cidade; longe disso. Mas na época, e o Ver. Dib votou conosco contra aquela questão da Vila Planetário, porque na Glória se podiam comprar terrenos – comprar – onde se podia assentar aquela população da Vila Planetário com a construção de sobrados ou apartamentos. Em vez de assentar 50 com escritura, bonitinho, direitinho, podia-se colocar 300 ou 400 famílias em áreas maravilhosas, dignas e urbanizadas onde vivem pessoas de todas as categorias sociais.

Exemplo de habitação popular ainda está há 70 anos. A maior experiência de habitação popular da era Getúlio Vargas, em Porto Alegre, Verª Sofia Cavedon, está na Vila do IAPI e na Vila dos Comerciários; as casas são dignas, não são casas que estão-se deteriorando como aconteceu na época da ditadura com o BNH. Naquela época construíam casas para pobres, como a Vila Estrutural e outras Vilas, em que as casas não duravam cinco anos, pois suas paredes, muitas vezes, eram de papelão e se desmanchavam! Não é assim que se trata a nossa população e a nossa gente!

Mas a Vila do IAPI, a Vila construída por Getúlio Vargas está lá até hoje, e é considerada patrimônio histórico! Hoje, ela é uma das áreas pela qual nós estamos lutando para que não seja mexida! Regime militar, regime autoritário, é o regime que se implantou em 1954, o qual se constituiu na ditadura mais cruel da história brasileira! Foi a mais cruel ditadura da história brasileira, em que se perseguiam e se matavam as pessoas! Se o hoje o PT não fala mais nisso é porque não tem interesse, pois os antigos inimigos da época da ditadura são, hoje, os seus aliados. Eles viraram todos neoliberais e estão capitulando para os interesses do Fundo Monetário Internacional! E a nossa esperança, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se a representação mais lídima dessa burguesia, dessa elite dirigente deste País, e, num desrespeito às comunidades, ao povo sofrido, toma vinho cuja garrafa custa 2.000 reais! Isso é uma ofensa, uma agressão ao nosso povo! Isso acontece no dia-a-dia da vida palaciana em Brasília!

Eu concluo, Srª Presidente, levantando novamente a questão habitacional da cidade de Porto Alegre, dizendo que a forma do tratamento da Administração Municipal, sedizente popular, não é adequada aos interesses da população! Essa população poderia ser assentada, resolvendo a questão com habitações de melhor e mais qualidade, colocando muito mais gente, em habitações com maior metragem quadrada. É só ter competência para negociar.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente desta Casa, Verª Margarete Moraes, meu amigo Ver. Pedro Américo Leal, que também compõe a Mesa, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, eu devo dizer que não sou contrário a que uma comunidade possa buscar um lugar para morar, com dignidade, de forma definitiva e integrada ao restante da sociedade ali existente. Eu sou contrário é à atitude da Administração do Município, que deveria agir de uma forma diferenciada para que essa comunidade de 200 famílias, transferida de uma região para outra, pudesse, de alguma forma, ser completamente integrada ao meio para onde vai. O que está acontecendo é que essa comunidade está chegando ali - essas 200 famílias - de uma maneira como não deveria acontecer, porque chega contando com a hostilidade daqueles que ali já estão. Eu acredito que isso pode não ser realmente muito bom para o futuro.

Eu estou dizendo que sou favorável! O que eu disse aqui neste plenário é que a Prefeitura deveria fazer uma audiência pública para poder discutir, Ver. Professor Garcia, o problema do impacto ambiental. E o Ver. Guilherme Barbosa disse o seguinte: “Mas isso não gera impacto ambiental!” Ora, Ver. João Dib, V. Exª que é um técnico nessa área, sabe muito bem que quando nós transferimos pessoas de uma região para outra, nós estamos mexendo com o meio ambiente, nós estamos mexendo com as correntes de ar, nós estamos mexendo com o problema dos esgotos, nós estamos mexendo com o problema das águas, nós estamos mexendo com o ambiente, estamos causando um impacto no ambiente. É por isso que, quando nós estamos mexendo com a transferência de 200 pessoas de uma região para outra - sem querer ser empecilho para nenhuma transferência, pois fui voto favorável ao Projeto que aprovou essa transferência; então, não sou contrário à transferência. Eu sou contrário ao modelo utilizado para se fazer essa transferência - o que não pode acontecer é fazer-se uma transferência dessas sem audiência pública ou sem audiências públicas. Isso não pode e não deve acontecer para o bem de todas as famílias e até para o futuro da integração da comunidade toda.

Tem de se ver: há escolas para todas as crianças? A rede de esgoto está saturada?

 

(Manifestação das galerias.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: Está saturada? Se está saturada, não pode. Não está saturada? Não está! Foi feito esse estudo? Se esse estudo foi feito, esta Câmara não o recebeu. Nós deveríamos ter recebido esse estudo.

O problema de rede de água, como é que está? Estou praticamente dialogando com a comunidade. Tenho a honra de dialogar com a comunidade sobre o planejamento futuro dessa Região! Foi dito aqui que existe hoje um planejamento para que a rede de metrô possa ter uma estação naquela Região. Não precisa ser exatamente onde vocês estão colocando suas casas, mas tem de haver um planejamento total. Isso, na verdade, é Estudo de Impacto Ambiental. Todas essas coisas têm de ser discutidas numa grande reunião, na qual as pessoas, tanto aquelas que moram na Região como aquelas que também vão mudar para lá, possam discutir amplamente, a fim de que a vida de vocês possa ser uma vida melhor; para que a vida da comunidade que vai receber vocês ali possa também ser uma vida melhor. E que haja, realmente, uma perfeita integração entre a comunidade que já está lá e a comunidade que vai chegar. Isso só será possível se, realmente, a coisa for bem planejada. Se for feita "a fórceps” a coisa ficará difícil e o futuro é que vai acabar punindo a qualidade de vida que cada um gostaria de ter.

O que eu puder fazer - aquilo que estiver ao meu alcance - para que essas relações possam ser as melhores possíveis, eu farei, e para que os senhores possam alcançar o objetivo. Mas que a comunidade que já está ali também possa atingir o seu objetivo, para que a integração possa ser perfeita. Eu acho que esse deve ser o nosso trabalho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, primeiramente, nós gostaríamos de parabenizar o Sr. David Iasnogrodski, que está aqui, porque recebeu recentemente um Título pelo trabalho literário que tem realizado em nível nacional. Nós queremos parabenizá-lo, David, e dizer que continue sempre com esse teu talento, porque Porto Alegre, o Rio Grande do Sul, precisa de pessoas empreendedoras que coloquem para fora os seus sentimentos. Parabéns!

Queremos também fazer uma saudação especial à Brigada Militar e a Empresa Porto-Alegrense de Transporte Coletivo, a EPTC, relativo às blitze das motos que têm feito. Ocupamos algumas vezes esta tribuna, quando iniciamos inúmeras discussões com os moradores das ruas Lima e Silva, Demétrio Ribeiro, Fernando Machado e Borges de Medeiros, relativas aos pequenos comerciantes e pessoas idosas que estavam sendo assaltados no Centro da cidade de Porto Alegre por motoqueiros. Na oportunidade a Brigada Militar se comprometeu, juntamente com a EPTC, a fazer algumas blitze, e o que nós vimos é que já faz três semanas que não acontece nenhum incidente naquelas regiões, mostrando, então, que um policiamento mais ostensivo e as blitze funcionam, e agora a população, pelo menos, não está tão receosa com relação a essa questão dos assaltos-relâmpago que aconteciam de moto: entravam numa farmácia, levavam o dinheiro e saíam; ou uma pessoa de idade, de 70 e poucos anos, caminhando na rua tinha sua bolsa furtada, e iam embora. Então, a Brigada Militar está de forma intensa, junto com a EPTC, fazendo esse trabalho, aquilo que a comunidade pediu, e nós queríamos agradecer por isso, principalmente pelo comprometimento do Sargento Gilnei, responsável pela 1ª Companhia do 9º Batalhão.

Hoje, o assunto discutido aqui na Casa foi o deslocamento dos moradores da Vila Zero Hora para a Av. Princesa Isabel. Foi colocado que a comunidade, moradora do local, desconhecia esse fato. Esse assunto já foi tratado, aqui nesta Casa, inúmeras vezes, e já se alonga há mais de 12 anos. Inclusive tivemos a oportunidade de acompanhar de perto, pedindo documentação. O próprio presidente, Marco Aurélio, trabalhava no nosso gabinete. Um detalhe importante é que a Vila Zero Hora está sendo transferida para um local próximo do seu habitat, e isso é muito salutar. Questionou-se muito, há uns anos atrás, a questão da Vila Planetário, que está ali.

Recentemente, na Av. Bento Gonçalves, discutiu-se a Vila das Placas, que também tem boa convivência. Então, também foi provado que quando se retira uma comunidade e a transfere para bem longe, para um lugar que não tem nada a ver com a sua identidade, fica difícil para aquela comunidade. Nós temos um exemplo em Porto Alegre, acho que foi o último exemplo que a atual Administração utilizou - tenho certeza que não vai utilizar esse modelo -, que é o Chapéu do Sol. Nele, todos os moradores da orla do Guaíba, a partir do Beira-Rio até a Praia do Veludo, foram colocados juntos, pessoas que não tinham identidade entre si, criando problemas. Ali não, as famílias todas se conhecem, convivem, foram todas elas cadastradas há bastante tempo. Foi discutido, e inclusive algumas não acreditavam que iria sair essa obra, porque estava demorando a questão da publicação. Mas sabemos que 169 famílias serão transferidas para apartamentos de dois e três quartos; terão a sua casa tão sonhada.

Então, isso é uma questão de convivência, de dificuldades, e é normal toda vez que sai um empreendimento - seja ele de alto nível, como na Bela Vista, em que as comunidades também vêm reclamar -, como uma questão legítima de direito dos moradores, que só serão transferidos a menos de 500 metros para a sua tão sonhada casa, porque alguns já moram lá há mais de 40 anos. Muito obrigado, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, tenho três décadas de Câmara Municipal, e até então não havia vivido um momento como há poucos momentos eu vivi. O Ver. Guilherme Barbosa me atribuiu pensamentos – eu nunca havia visto isso!

Eu sou um homem absolutamente simples, só que eu tenho uma vivência longa nas coisas desta Cidade. E a vida de um homem não se mede pelo tempo que medeia entre o berço e o presente, não é assim que se mede. Mede-se pela sua experiência, pelas suas emoções, pelas suas alegrias, pelas suas decepções; e eu vivi intensamente o meu tempo de vida e quero continuar vivendo bastante ainda; mas com a mesma intensidade, com a mesma seriedade, com a mesma responsabilidade!

Eu estava presente no momento do primeiro passo do bairro Restinga, eu estava lá, eu era Assessor-Engenheiro; o Prefeito era o Célio Marques Fernandes; o Diretor-Geral do DEMHAB, o ex-Vereador Pozollo de Oliveira. Por que foi dado um primeiro passo para a Restinga? Porque as 140 famílias que lá estavam, nas proximidades, iriam ser despejadas e moravam em habitações de péssima qualidade – subabitações.

Então, naquela oportunidade, foi oferecido à Prefeitura, nas proximidades, um terreno que não só dava para fazer as 140 casas para as 140 famílias como também construir muito mais. Aí começou o bairro Restinga. Mas não dá para comparar a Restinga com nenhum desses projetos habitacionais da Prefeitura! Lá na Restinga, tem jardim nas casas, tem lugar para jardim, dá para plantar alguma coisa, tem centro comunitário, tem escola, tem tudo lá! Eu também construí prédios por lá, mas não sobrados com 32 metros quadrados! Não, não foi assim, não! E que não tem lugar para se mexer fora daquilo ali.

E a Vila Planetário, que eu falei aqui, e vou falar de novo – a Vila Planetário foi área desapropriada para se fazer escola. Era urbanizada sim, mas para fazer escola! Foi dada para que os surdos-mudos pudessem ter a sua escola ali, depois a Administração entendeu de fazer 90, ou 92 prédios de 32 metros quadrados – sobrados! Realmente são belos cartões de visita para quem se equivoca. É só olhar as paredes da Vila Planetário hoje, é só dar uma chegada ali e olhar o que é que tem nas paredes das moradias que dão frente para a Avenida Ipiranga. Mas feitas de uma maneira que a Lei Orgânica permitia, o Direito Real de Uso, que é uma maneira pérfida, que a Prefeitura extrapolou, e não era para áreas não-urbanizadas e para pessoas que ali estivessem em 31 de janeiro de 1989 – não, não era para essas pessoas! A Prefeitura tentou fazer o mesmo nas demais áreas que, no passado, foram construídas para a dignidade dos moradores, e não para resolver problemas eminentemente eleitorais.

São casas, são apartamentos que, ao passar dos anos quem os construiu pode entrar lá e os moradores ainda vão ficar satisfeitos: “Oh, Vereador, oh, Fulano, oh, Sicrano, oh, Beltrano: lembro-me do início dessa obra".

Eu gostaria que aquelas pessoas que aqui falam conhecessem a Restinga para ver como ela tem jardins bonitos, como tem avenidas asfaltadas, como tem cercas, grades bonitas e casas bem cuidadas. E não é Direito Real de Uso, apesar de tentarem, muitas vezes, fazer o Direito Real de Uso. Mas esse caso da Vila Planetária – vamos voltar a ele – é tão eleitoreiro que eu gostaria que me mostrassem que todos os que lá estão, estão também pagando o Direito Real de Uso. Quando eu fiz uma pergunta ao Executivo, nenhum dos moradores cumpria com seus deveres de fazer com que pagassem sua módica mensalidade.

Mas eu sou engenheiro, e eu acho que se quisessem resolver o problema com dignidade, com três ou quatro torres naquele terreno eles colocariam todos os moradores em apartamentos de no mínimo 60 metros quadrados. Então, o problema é de dignidade, o problema é de responsabilidade, o problema é de pensar. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, hoje, nesta Casa, temos um problema bem salientado aqui anteriormente, o da habitação. Mas nós estamos vendo uma campanha eleitoral com muita ficção, porque os horários eleitorais estão provando que parece que nós vamos, depois da eleição, viver noutro mundo. É o problema da Habitação, é o problema da Saúde, mas um problema muito grave é o da Segurança. Todas as pesquisas apontam Porto Alegre com mais de 40% da população preocupada especificamente com o problema da segurança - ou da insegurança. Depois, o desemprego e a saúde, nessa ordem.

Eu vejo muita gente falar da Guarda Municipal e todos os Governos falam da Guarda Municipal. Ora, quem está nesta Casa, como nós, que já fizemos várias audiências públicas na Comissão de Direitos Humanos e do Consumidor, sabe que a Guarda Municipal hoje está desamparada, Ver. Luiz Braz. Ela está embutida dentro de uma Secretaria dos Direitos Humanos e Segurança Urbana, mas ela não deu um passo a mais para a sua melhora, para a qualificação, para um regimento interno, para uma hierarquia, e ela está distribuída em várias Secretarias do Município. A tarefa fundamental - e que dizem será de colaborar para a Segurança Pública do Município - está muito longe disso, vamos dizer que ela tenha hoje mais de 900 componentes, mas a maioria deles distribuída nas Secretarias, e não com o objetivo fundamental de ajudar na Segurança do Município. Todos sabem que a tarefa básica e fundamental da Segurança é do Estado, Verª Sofia, mas agora entra esse ingrediente do uso da Guarda Municipal, só que estão prometendo muita coisa que a Guarda Municipal não tem instrumentos, não tem condições materiais de realizar esse trabalho.

Portanto, o que nós estamos vendo aí no horário eleitoral, seja de Vereadores e candidatos a Prefeito, é uma ficção. Há pessoas que estão falando tanta bobagem, e a Câmara não tem essas atribuições. Há gente aí que está prometendo até dar salário de 30%, 40%, 50%, mas a Segurança de Porto Alegre deverá ter um estudo muito balizado, não há condições de termos uma grande Segurança na Capital, que é o tambor, a ressonância do nosso Estado, se não houver uma parceria fundamental entre o Governo do Estado, que é de um Partido, e a Prefeitura, que é de outro Partido. Não existem condições; a Guarda Municipal vai demorar muito para se capacitar, pois ela está desamparada. E quem comanda a Guarda Municipal, especificamente, é alguém com uma função gratificada e a função gratificada é de um Partido que comanda.

Ora, tem de haver hierarquia e condições de trabalho. Hoje a Guarda Municipal está aí, decorativamente, muito bem visualizada, mas não tem o trabalho fundamental, e estão aí dizendo na televisão que a Guarda Municipal vai ter o seu efetivo aumentado, etc. Ora, pode até aumentar, mas primeiro tem de dar uma consistência à Guarda Municipal que ela não tem até o momento, com um regimento interno, com uma hierarquia, em que possa ter a sua graduação para dar uma qualificação.

Então, o que nós estamos vendo na televisão é uma ficção, em todos os sentidos: na Saúde, na Habitação, na Educação, na Segurança, enfim, nós temos de olhar um pouquinho para esse tipo de política que está sendo feita, porque a população está decepcionada com a forma com que os políticos estão encarando esses aspectos para a população brasileira. Obrigado, Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidente, Verª Margarete, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, falo em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que até compreende o saudosismo a que nós assistimos na tribuna dos Vereadores de oposição da Capital, que tem de se lembrar de obras de 30 anos atrás, porque compõem, na verdade, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul atual e não conseguem que o seu Governo apresente uma casa popular feita em dois anos de Governo. Compuseram o Governo Fernando Henrique Cardoso, há muitos anos na presidência deste País, e nós não podemos apontar casas populares feitas por políticas federais, que os seus partidos poderiam ter feito, uma vez que aqui se diz que há tanto compromisso e tantas boas opiniões a respeito de como poderiam ser as casas, as moradias da população. Compreende-se, também, por outro lado, que digam aqui que as associações perderam o poder com o Orçamento Participativo, foram desvalorizadas e que não compreendem o processo de vitória das Vilas Zero Hora e Cabo Rocha. Não compreendem, porque, infelizmente, Ver. Dib, os Vereadores da oposição se negam a reconhecer o processo real de participação popular que há nesta Cidade, não vão ao Orçamento Participativo. E o que é lamentável: as suas associações, associações com quem têm relação, provavelmente são mal-orientadas e não são estimuladas a participarem dessa parte do poder importante do Governo Municipal. E aí as associações vêm aqui para a Câmara, depois de um longo processo realizado, tentar, neste espaço, inviabilizar, invalidar uma linda construção, que é sempre difícil ver; os moradores aqui da Vila Zero Hora sabem bem.

É muito difícil acertar as vontades, as necessidades, combinar com o rumo da Cidade, combinar com cuidados com a população, garantir a história, garantir o pertencimento, o tempo de vivência, garantir que todos sejam contemplados, colocando as prioridades a partir de critérios definidos. É um processo difícil, trabalhoso, mas todas, todas as associações que ocuparam este espaço saíram fortalecidas, porque ganharam em mobilização social, porque, com certeza, conquistaram melhorias para a sua comunidade. Com certeza, os seus sócios, as famílias, a sua comunidade, aprenderam a fiscalizar e a dominar muito mais como funciona o Estado, propor, decidir, formular políticas públicas. Então, é compreensível que os Vereadores venham aqui e questionem o processo, façam parecer que foi uma decisão tomada de cima para baixo. É absolutamente legítimo, Srs. Vereadores, estão sendo hoje construídas as casas novas no Terminal Azenha, legítimo e discutido longamente com os moradores.

Eles sabem, é verdade, dos riscos, da poluição, do trânsito, que são apontados pela Associação do Bairro Santana, mas eu tenho certeza de que já estão construindo, junto com o Governo, alternativas para isso, pois o Projeto já contempla algumas precauções. Nós nunca construímos um reassentamento que não tenha depois uma ação, aliás, antes, durante e depois, uma ação de assessoria ambiental que possa construir junto com os moradores uma urbanização, uma vida coletiva, o plantio de árvores, a solução de problemas de ônibus, de escola... Quantos loteamentos receberam escola, posto de saúde e estão a cada passo evoluindo mais!

Então, esta Cidade está vivendo um processo rico, e seria muito bem-vinda a força dos Vereadores de oposição para entrar junto nesse processo, para estimular as suas associações, porque, certamente - e olhem, não é um processo de petistas -, existem pessoas de todos os Partidos ocupando este espaço.

Mas eu tenho certeza de que se esta Casa parasse de falar de fora - e não reconhecer -, que pudesse estimular as suas associações, as suas relações, o seu trabalho - que eu sei que existe em muitas instituições - para que elas também ocupassem, para que elas recriassem, para que elas sugerissem qualificação, ampliação do processo participativo desta Cidade, esta Cidade só teria a ganhar.

Então, parabéns a vocês da Cabo Rocha e Vila Zero Hora, a vitória de vocês foi muito suada. Vocês vão ser muito felizes ali, eu tenho certeza de que a vizinhança vai ganhar com esse novo grupo de famílias, porque vocês aprenderam com a luta, conquistaram através da luta, vão valorizar e melhorar as suas vidas e os seus espaços.

Porto Alegre ganha com isso. Parabéns, e tenho a certeza de que, logo, logo, todo o preconceito será vencido. Obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, visitantes ilustres que enriquecem a nossa tarde, a Vereadora Sofia Cavedon, excelente Vereadora realmente, ela tem muita razão em vangloriar aquelas coisas que são dignas de um trabalho bem feito.

Agora, gostaria muito que ela mandasse a assessoria ambiental lá para a Vila Chapéu do Sol, a dita assessoria, ou então para a Vila Safira, para a Vila Vargas, para a Vila Wenceslau Fontoura, para a Vila Farrapos, para a Vila União, para a Vila Timbaúva, tantas vilas em Porto Alegre que são pedaços de deserto, nas quais as pessoas se instalaram e onde o barro e a tragédia estão lado a lado.

O que se critica na Administração do PT, Vereadora, não são essas coisas boas que são feitas e que têm de ser elogiadas; o que se critica é que, em 16 anos, nós duplicamos o número de favelas e de favelados na cidade de Porto Alegre.

Em 16 anos, não se plasmou uma política municipal de saúde que pudesse dar vazão ao mínimo da demanda que hoje enfrentam as emergências, os postos de saúde, as consultas não-atendidas, mas, especialmente, a falta de remédios. Esse é o nosso dia-a-dia; essa é a nossa tragédia urbana.

Do ponto de vista da educação, a Vereadora sabe que as coisas não são tão risonhas assim como ela diz. Nós temos creches com 200 crianças, mas que rejeitam 250 a 300 crianças em estado de risco; nós temos creches com de 120 crianças, mas que rejeitam 150 crianças em estado de risco, em estado de fome. Todas as nossas creches têm exatamente o mesmo problema. A questão não é o atendimento; é o que deixou de ser feito. Essa é a tragédia dos nossos dias! E quando as creches, rejeitando aquelas criancinhas, que estão formando o seu cérebro, até os 5 anos de idade, estamos dando suporte permanente para a formação de crianças que, ao invés de serem cidadãos como todos nós que estamos aqui, vão ser moradores da FEBEM, vão habitar as prisões. Essa é a nossa desgraça, essa é a nossa tragédia. A pré-escola, em Porto Alegre, está em condições vergonhosas, não só no atendimento, como na falta de atendimento. Essa é a tragédia da população de Porto Alegre. É isso que tem de ser dito aqui, por mais que eu respeite o trabalho da Vereadora, que, indiscutivelmente, é excelente.

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigada, Ver. Sebenelo, eu quero contar que uma vitória da Vila Cabo Rocha e da Vila Zero Hora é a creche. Eles conquistaram, junto com as suas moradias, uma creche.

E eu me permito discordar de V. Exª; é verdade, a educação infantil é muito recente, mas 133 creches, com convênio, têm assessoria pedagógica, o que já é um grande avanço, mas temos de avançar muito mais. Mas veja, os loteamentos estão sendo contemplados com creche, pela luta e consciência dos cidadãos de Porto Alegre.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado pelo aparte. Quero dar os parabéns a vocês pela conquista da comunidade, mas a nossa questão não é falar mal. A nossa questão é defender aquelas pessoas que têm o mesmo direito e não chegam a ter esse recurso. Então, nós não estamos falando mal. Ter uma creche é ótimo, mas o problema é que há o dobro de pessoas que estão esperando e não conseguem uma vaga. Assim como nós precisamos de dez vezes mais moradias do que foi feito em 16 anos. Essa é a nossa tragédia. Ou o que eu disse é mentira? E aquelas pessoas que estão esperando por um leito e não têm dignidade nem para morrer nas emergências dos nossos hospitais?

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Verª Margarete Moraes, Presidenta da Casa, Srs. Vereadores e Sras Vereadores, se desenvolve, e nem poderia ser diferente, de forma muito entusiasta pelo Estado Rio Grande do Sul, e também, em especial, na Capital do Rio Grande do Sul toda a mobilização em torno da Semana Farroupilha, à qual a Casa, no próximo dia 16, vai prestar sua homenagem. Trata-se de acontecimentos que, a meu juízo, cada vez mais, por assim dizer, vão confirmando o espírito gaúcho, o espírito Farroupilha, o espírito de patriotismo, o espírito de civismo. Enfim, são acontecimentos importantes para a formação de um povo por todo um passado de lutas, por todo um passado de afirmação, por todo um passado de verdade, que foram os acontecimentos que se deram quando da Revolução Farroupilha. O Estado do Rio Grande do Sul, continua, Ver. João Antonio Dib, por incrível que pareça, ainda estigmatizado pela Federação. Nós, que somos um Estado exportador, pagamos um alto preço por isso, por sermos um Estado exportador, com políticas que interessam ao conjunto do Brasil, só que na hora de se fazer a partilha aos gaúchos, esta vem de forma muito pequena, muito minguada, criando um problema de toda a ordem para o Estado.

Mas voltando à Semana Farroupilha atual, esta, hoje, é um acontecimento que emprega no Estado do Rio Grande do Sul, tal a sua mobilização, e emprega na Capital. Já se começa notar na rede hoteleira e nos restaurantes, enfim, toda uma movimentação em função do grande acontecimento que é o 20 de Setembro. Dizer-se que aqui na Estância da Harmonia, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho está, por assim dizer, com um movimento intenso é o óbvio; há todo um espírito de confraternização, há todo um espírito de solidariedade. Evidentemente, vamos ter de fazer, muito brevemente, profundas alterações ali no Parque, porque determinados acontecimentos - e não os revelarei -, muitas vezes comprometem aquele espaço, que é para a cultura, que é um espaço para o desenvolvimento nativista, para a reafirmação dos valores políticos, dos valores históricos, dos valores virtuais da gente gaúcha, da gente do Rio Grande do Sul. Eu fiz algumas proposições ao Parque Farroupilha, alguma coisa se fez, outras tantas ficaram faltando.

Em Pedido de Providências, havia solicitado que pintassem os moirões e as mangueiras com as cores do Rio Grande do Sul, para cada vez mais embandeirar este grande movimento que é o Movimento Tradicionalista Gaúcho. De qualquer forma, está indo bem todo o desenvolvimento ali na Estância da Harmonia, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Evidentemente, está faltando espaço, estão faltando melhores condições para que se possa fazer na plenitude esta grande festa. Teremos o desfile temático, extremamente importante, porque pela avenida se mostrará o passado, a história viva, os acontecimentos que marcaram um decênio de luta, de afirmação, de dignidade do povo gaúcho, mesmo que posições pudessem se contrapor, mas foi, efetivamente, o grande momento, o grande movimento que, de resto, imantou o Brasil. Portanto, fica aqui a nossa manifestação no sentido de dizer: viva a Semana Farroupilha!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 3606/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 158/04, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Rudi Armin Petry.

 

PROC. N.º 4201/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 186/04, de autoria do Ver. Adeli Sell, que disciplina a atividade de profissionais do sexo no Município de Porto Alegre.

 

PROC. N.º 4319/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 191/04, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que institui o Dia Municipal do Samba a ser comemorado, anualmente, no dia 2 de dezembro, que integrará o Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. N.º 4413/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 193/04, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que concede o título honorífico de Cidadã de Porto Alegre à Senhora Mariza Silveira Alberton.

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 5201/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 380/03, de autoria do Ver. Professor Garcia, que denomina Rua Felicio Salvador Celia um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Cascata. Com Substitutivo n.º 01.

 

PROC. N.º 2686/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 080/04, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Ronaldo Assis Moreira.

 

PROC. N.º 3914/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 012/04, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que altera dispositivos da Lei Complementar n.º 197, de 21 de março de 1989, e alterações posteriores, que institui e disciplina o Imposto sobre a transmissão “inter-vivos”, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos, e estabelece o parcelamento do imposto em dez frações mensais e consecutivas.

 

PROC. N.º 4336/04 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 044/04, que declara de utilidade pública o Instituto Recriar.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. N.º 3823/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 162/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Nortran um logradouro público não-cadastrado, localizado no loteamento Nordeste.

 

PROC. N.º 3954/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 169/04, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei, que denomina Campo de Futebol Pedro Raul Pellenz o campo de futebol localizado no interior do Parque Saint Hilaire, na confluência das Ruas Rio Branco, Continental e Beco da Taquara, no Bairro Lomba do Pinheiro.

PROC. N.º 4066/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 179/04, de autoria do Ver. Ervino Besson, que denomina Rua Samuel Vainstein um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema Green.

 

PROC. N.º 4076/04 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO N.º 006/04, de autoria do Ver. Beto Moesch, que susta o Decreto n.º 14.475, de 13 de fevereiro de 2004, que permite o uso de próprio municipal à Sociedade Recreativa Beneficente e Cultural Banda Itinerante, de acordo como o processo administrativo n.º 001.003982.04.1.

 

PROC. N.º 4120/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 183/04, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que institui O Dia da Grécia a ser comemorado, anualmente, no dia 25 de março, em homenagem à civilização helênica, e estabelece que o Legislativo promoverá atividades alusivas à data conjuntamente com o Executivo do Município, a representação diplomática da Grécia, a Sociedade Helênica  de Porto Alegre e a comunidade grega local.

 

PROC. N.º 4225/04 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 002/04, que altera e dá nova redação aos incisos I e III do § 6º, e aos inc. I  e III do § 7º, todos do art. 121 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (prazos/projetos orçamentários)

 

PROC. N.º 4277/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 104/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o título honorífico de Honra ao Mérito Policial ao Delegado da Polícia Federal Fernando Christoph D’Andrea.

 

PROC. N.º 4292/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 105/04, de autoria do Ver. Professor Garcia, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha à Professora  Valdeci Noemi Souza Bezerra.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas senhores e meus senhores, como eu disse antes, quando Pilatos queria “lavar as mãos”, ele chamava o “orçamento participativo”. Foi assim que lavou as mãos e perguntou para o “orçamento participativo” se era Cristo ou Barrabás. Ele “lavou as mãos”. E assim a Prefeitura de Porto Alegre faz, porque Pilatos também, quando queria tomar decisões acima do povo e acima da lei, fazia assim também. Ele não perguntava. Assim a Prefeitura Municipal faz.

O Ver. Beto Moesch tem aqui um Projeto de Decreto Legislativo que torna sem efeito o Decreto do Prefeito, de 13 de fevereiro deste ano, que permite o uso de próprio municipal à Sociedade Recreativa Beneficente e Cultural Banda Itinerante. Está bem alicerçado o Decreto Legislativo do Ver. Beto Moesch, na opinião da comunidade. O Prefeito não perguntou; só perguntou quando lhe interessou, perguntou para um lado só e vai lá numa área, que pode ser utilizada para muitas outras coisas, construir um prédio. Não sei se pode, eu tenho até as minhas dúvidas se ele pode fazer isso aí, mas, ceder um terreno, ele pode. Agora, dar permissão para construir, eu não sei se pode. É uma coisa que também a Câmara Municipal tem de verificar. E eu já havia dito aqui - até a Ouvidoria da Câmara recebeu reclamações - que não servia para aquela coletividade o que o Prefeito pretende fazer lá naquele local.

Portanto, quando interessa, ele dá uma de Pilatos; quando não interessa, ele passa por cima da lei.

No dia 19 de agosto, o Vereador Adeli Sell apresentou um Projeto de Lei que disciplina a atividade de profissionais do sexo no Município de Porto Alegre. Ora, apresentar um Projeto de Lei no dia 19 de agosto, ao término de uma Legislatura, é saber que ele não será examinado, que ele não será votado, que ele não serve para coisa alguma, a não ser para resolver algum problema lá na rua.

Eu vou ler a Exposição de Motivos (Lê.): “...Acusações diversas, como violência, assaltos, drogadição, tráfico e atentado violento ao pudor são comuns por parte de cidadãos (ãs) e moradores (as) de regiões onde as atividades dos (das) profissionais do sexo se localizam, tanto em estabelecimentos quanto aqueles que se realizam de forma transitória e ambulante”.

Eu preciso, cada vez mais, admirar e elogiar o Procurador desta Casa, Dr. Cláudio Velasquez, pois ele faz uma análise perfeita sobre o assunto, dizendo da competência do Município para coisas de interesse peculiar, mas, ao final, ele diz o seguinte (Lê.): “...Contudo, de ressalvar: a) por força do disposto no art. 22, incisos XVI e XXIX, da Carta Magna, compete privativamente à União legislar sobre condições para o exercício de profissões e propaganda comercial, preceitos que, salvo melhor juízo, restam afetados pelo conteúdo normativo dos artigos 1º e 5º da proposição,...”.

Ora, eu acho que quem faz um Projeto de Lei o faz com assessoria. E o meu amigo, que fez esse Projeto de Lei, ou não se assessorou ou resolveu fazê-lo de qualquer maneira, no dia 19 de agosto, pois esse não poderá ser votado, nem ele tem condições de fazer a defesa do seu Projeto, uma vez que ele é Suplente e, nesse dia, ele estava no exercício da Vereança e apresentou o Projeto de Lei.

Eu lastimo que eu não possa debater com o meu amigo, e gostaria de fazê-lo, mas o que eu vou fazer?

O Dr. Cláudio Velasquez recebe, mais uma vez, meus cumprimentos pela sua competência, pela seriedade com que estuda os seus pareceres e os assina. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, o Projeto de Lei do Legislativo nº 186/04, de autoria do Ver. Adeli Sell, que disciplina atividades de profissionais do sexo no Município de Porto Alegre, é típico daqueles Projetos que a Presidência da Casa – eu não estou dizendo que V. Exª, Srª Presidenta, deixa de agir no cumprimento de suas funções, porque eu acredito que todas as Mesas assim o fizeram – pode tirar de tramitação, porque está fora daquilo que pode o Vereador fazer. O Procurador da Casa, como já disse o Ver. João Dib, já apontou que essa não é uma tarefa nossa, essa não é uma tarefa do Legislativo Municipal. Aliás, é uma questão que nós devemos, de alguma forma, como sociedade, regrar. Mas a própria Constituição estabelece patamares dentro dos quais podem e devem atuar a Câmara Municipal, a Assembléia Legislativa e o Congresso Nacional. Esse caso aqui, que trata de atividades profissionais, não cabe a nós, não cabe à nossa Câmara Municipal.

Eu vou aproveitar este espaço para falar sobre uma matéria, e é uma pena que não esteja aqui o Ver. Wilton Araújo, porque ele registra a sua preocupação, que é uma preocupação de todos nós, com referência ao ITBI, ao Imposto sobre a transmissão inter vivos. Está certo o Ver. Wilton Araújo, muitos negócios, às vezes, não são completados, exatamente porque a pessoa não tem o dinheiro suficiente para pagar esse imposto de transmissão. E ele fica com o imóvel sem fazer o registro final. Há muitos imóveis assim aqui, no Município de Porto Alegre. O Ver. Wilton, percebendo essa lacuna, quer fazer com que haja o parcelamento do imposto de transmissão.

Ora, eu acho que isso pode ser viabilizado. Agora, tem de haver alguns cuidados para que o Município não seja extremamente prejudicado, como, por exemplo, imaginem que alguém, ao fazer o parcelamento do ITBI, possa fazer a transmissão do imóvel - fazer o registro definitivamente - e não paga mais o restante das prestações. Como é que fica? O Projeto não prevê. Eu acho que quando fazemos uma legislação, nós, é claro, temos obrigação de defender aquilo de que a nossa sociedade precisa. Nós temos que legislar para que ela possa chegar até seus objetivos, mas nós também não podemos nos descuidar das necessidades do Município.

Eu acho até que, no caso do ITBI, existe uma alíquota muito alta. Nós poderíamos trabalhar numa discussão geral, dentro do Município, para que pudéssemos encontrar uma possibilidade de regrar essa alíquota para ficar boa para todo mundo. Hoje, realmente, é uma alíquota muito alta. Mas, quando votarmos este Projeto de autoria do Ver. Wilton Araújo, eu acredito que devemos trabalhar com o Ver. Wilton Araújo a possibilidade de uma Emenda que resguarde os direitos do Município, para que o Município não fique, na verdade, ao alvedrio de alguém que faça lá o seu negócio, que tenha o seu objetivo alcançado – de transmitir o imóvel – e não se preocupe mais em pagar o restante do parcelamento. Isso, para o Município, pode representar um prejuízo, talvez muito maior do que se nós simplesmente baixássemos a alíquota, a fim de que esse imposto ficasse ao alcance de todas as pessoas. Muito obrigado, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, em 1ª Sessão de Pauta, há um Projeto que eu considero, talvez, um dos Projetos mais felizes desta Casa. Há dois Projetos que quero ressaltar. O primeiro, de autoria do Ver. Almerindo Filho, que concede a Rudi Armin Petry, o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Eu acho uma glória, apesar da ideologia, que está mais para o lado do bairro da Azenha. Rudi Armin Petry é uma figura extraordinária da Cidade.

O segundo, de autoria da Verª Margarete Moraes, Presidenta desta Casa, que institui o Dia Municipal do Samba. E, quando se fala em Dia do Samba, é evidente que a origem afro do samba faz com que se revolvam todas as raízes da nossa cultura. E se pensarmos que o branco, de maneira etnocêntrica, impediu de se plasmar uma das mais ricas culturas do Planeta, que foi a cultura autóctone deste fantástico continente ao lado do nosso, a África, no qual três setas maravilhosas indicavam o caminho da música: para o Norte, com o jazz; para a América Central, para o Caribe, com os ritmos magníficos, belíssimos, lindos como o mar do Caribe, essa música fantástica, de origem negra, caribenha; para a América do Sul, migraram la samba, el tango, que são habanerosl. Então, o nosso País foi privilegiado, dentro da tragédia dos navios negreiros, com esse presente magnífico, cultural, fantástico, que hoje é símbolo nosso! O samba deixou de ser de origem afro para se mesclar, para se integrar na cultura brasileira, de tal forma que hoje o samba é brasileiro. E qualquer escola de samba do Brasil que se apresente no mundo inteiro, é motivo de beleza, de criação, de felicidade; mais do que de felicidade, de euforia dos povos ao dançarem, ao cantarem, ao interpretarem, ao tocarem essas magníficas composições que se aglomeram em volta do nome samba.

Hoje, já existem mais de 13 ou 14 tipos diferentes de samba, desde o nosso samba-canção, dos sambas mais dolentes, até os mais rápidos, o samba-exaltação, o sambão, o pagode, todos eles de uma mesma raiz, de uma mesma idéia, de uma mesma gênese, de uma mesma origem fantástica dessa cultura afro que tanto nos orgulha, tanto nos enriquece, tanto nos ensina. E nós, brancos etnocêntricos, que enfrentamos o negro da forma mais covarde e cruel da época, castigando com trabalho, a paga disso foi essa herança maravilhosa, esse sincretismo fantástico de línguas, de ritmos, de sons maravilhosos e, principalmente, dessa mestiçagem brasileira que não há igual no mundo! Dessa mestiçagem fantástica, linda, competente, que é o nosso Brasil. Este Brasil, que muitos vieram aqui dizer que não tinham motivo nenhum para festejá-lo nos 500 anos de descobrimento, responde dessa forma com a nossa mestiçagem.

Este é o momento fantástico desta Casa, quando exalta o samba, o negro e um País divino, predestinado, chamado Brasil!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a manifestação do Ver. Cláudio Sebenelo.

Solicito a abertura do painel eletrônico para que os Vereadores e Vereadoras possam registrar, novamente, as suas presenças e assim entrarmos na Ordem do Dia. (Após o registro das presenças no painel eletrônico.) Registro as presenças dos Vereadores Ervino Besson, João Bosco Vaz, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Professor Garcia, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz e Margarete Moraes. Portanto, oito Vereadores presentes. Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h15min.)

 

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